Reportagem publicada originalmente no site do jornal português Público

Mais de 230 milhões de mulheres e meninas foram vítimas de mutilação genital. Os dados alarmantes são da Organização Mundial da Saúde (OMS). A criminalista e desembargadora federal aposentada Cecília Mello, 63 anos, acompanha de perto esta grave violação aos direitos humanos, que é reconhecida mundialmente.

Mesmo Portugal tem histórico de mutilação genital feminina: entre 2015 e o ano passado, 375 mulheres foram vítimas desse crime, segundo a Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra (ULSAS). Para Cecília, muitas dessas violações são justificadas​ “por razões religiosas ou sociais”, e discutir o assunto é uma questão humanitária. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), as práticas de mutilação genital feminina são comuns em cerca de 90 países da África, do Oriente Médio, da Ásia e da Europa.

“Esses rituais estão ligados a uma ideia de pureza sexual. Muitas vezes, essa mutilação acontece quando a menina é muito criança, com 5 anos, por exemplo. Dentro desse conceito de pureza sexual, ela é preparada para um casamento futuro”, diz a criminalista, que acrescenta: “Nesse viés, o Brasil começa a ter um olhar mais atento as mulheres que vêm desses países e pedem asilo”.

E não é só. Ela alerta para os casos de violência contra as mulheres que podem resultar em mutilação vaginal. “No Brasil, podem acontecer mais por um ato de violência contra a mulher do que por ordem social ou religiosa. É algo muito sério também e que não é abordado, mas a mutilação genital feminina pode acontecer por violência sexual mesmo, como o estupro”, enfatiza Cecília.

Confira a íntegra da reportagem: https://www.publico.pt/2025/05/09/publico-brasil/noticia/mutilacao-genital-feminina-tambem-acontecer-violencia-sexual-estupro-2132481

 

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